sexta-feira, setembro 17, 2010

O nome disso é ser transparente



Sabe o presidente daquela grande empresa? E o segurança do prédio? Tem também o dono da quitanda e o motorista do ônibus. Sem esquecer da moça do cafezinho e do meu próprio chefe. Ah, e aquela estagiária? Ou então aquele mestre?
Pois é, todas essas pessoas e muitas outras são tratadas por mim do mesmo jeito. Além do respeito, que procuro sempre ter, eu também brinco. Me divirto. Falo bobagem. Falo sério. Dou ideias. Aprendo com elas. Interajo com elas. Não tenho medo delas. Mostro quem eu sou para cada uma delas.
Porque eu sou assim. Pode me chamar de cara de pau, louca, esperta, gente boa, arriada. Mas de todas as características, eu prefiro uma: sou transparente. Eu gosto mesmo é de gente. Como a gente.
Porque o cara que é o presidente é gente como a servente. A conta bancária com certeza é diferente, mas o tratamento que eu tenho com ambos é o mesmo. Guardada as devidas proporções, obviamente.
Se está com um alface no dente ou o cabelo todo torto, eu vou te avisar. Se achei teu carro do ano lindo, eu vou te parabenizar e te desejar muita sorte, sucesso e segurança. Agora se eu tiver que pegar um ônibus lotado contigo, pode ter certeza que teremos bons momentos de risadas.
Não escondo a minha vida de ninguém. Todos sabem quem é o Rafa. Todos sabem o que eu gosto. Que eu falo alto, que eu falo bobagem e que eu sou inteligente. Todos sabem que eu digo o que tem que ser dito e que, se eu não sei do que se trata, eu vou perguntar.
Vergonha de perguntar? Tá maluco? E eu vou aprender como se eu não perguntar? E eu vou arriscar escrever uma bobagem por medo do que tu vai achar da minha dúvida? Jamais. Eu quero saber de tudo um pouco. Porque tudo de um pouco, não me serve.
Pode achar o que quiser. Se estiver certo, vai em frente. Se não aprovar, nem chega muito perto. Eu não tenho paciência com pessoas que não entendem o quanto viver feliz é simples.

quinta-feira, setembro 09, 2010

Prazeres e desprazeres de morar sozinha


Há cinco anos tenho o prazer de morar sozinha. De viver como muita gente – que ainda mora com os pais – sonha e deseja viver. Confesso que é maravilhoso. Que não tem preço. Porém, como tudo na vida, tem seu lado não tão bom assim. Mas o melhor é que cada situação que acontece te serve de lição. E, muitas vezes, te rende boas risadas. Vou escrever situações em que a pessoa está sozinha e que o namorado – no meu caso – não está junto.
Vamos a elas: O (P) é do Prazer e o (D) do Desprazer.

P: Chegar em casa louca por um banho e demorar quanto tempo quiser no chuveiro, sem ninguém reclamar.
D: Lembrar que a toalha está no varal e ter que sair pingando do banho. Pior, no inverno gaúcho.
D2: Levar um susto com o valor da conta do luz no fim do mês.

P: Chegar exausta do trabalho, se atirar na cama e capotar.
D: Lembrar – naquela fase boa de transição do sono - que não chaveou a porta e que as janelas estão escancaradas.

P: Comer o que quiser, na hora que quiser, onde quiser, como quiser.
D: Querer comer “o que se quer” e descobrir que só tem duas opções: Miojo e bolacha água e sal.

P: Guardar as coisas no lugar que VOCÊ achar melhor.
D: Não ter para quem perguntar onde está algo que VOCÊ guardou e não lembra.

P: Brigar com o namorado e chorar sozinha se olhando no espelho.
D: Não ter um colo de mãe/pai para chorar.

P: Ser a única pessoa que pode entrar na sua própria casa, pois só você tem a chave.
D: Perder a chave e ter que gastar uma nota no chaveiro, pois não há como fazer apenas uma cópia.

P: Comprar os móveis que achar que combina com o seu jeito.
D: Não ter como receber os móveis, pois trabalha o dia inteiro.

P: Tirar férias e simplesmente bater a porta.
D: Voltar e ver que as plantas não resistiram à sua ausência, pois elas não tem como se molhar sozinhas.

P: Deitar no sofá da sala de pijama e deixar o vento bater no rosto.
D: Entrar uma barata imensa e voadora e não ter quem matar a infeliz.

P: Dormir e acordar a hora que quiser.
D: Não ter a mãe/pai pra te sacudir e te chamar para não perder a hora.
D2: Nem ter mãe/pai pra te cobrir quando estiver toda encolhida de frio.

P: Comprar comidas diferentes e arriscar receitas.
D: Não tem a menor graça cozinhar pra si mesmo.

P: Deixar as roupas e a louça para arrumar quando der na telha.
D: Quanto mais acumula, pior é de arrumar.

Eu tenho vontade de escrever tanta coisa que faria uma lista ainda maior. Mas posso afirmar que de todos os desprazeres, o maior prazer continua sendo o simples fato de morar sozinha. É uma delícia.